terça-feira, 3 de setembro de 2013

As Vinte e Uma regras gerais da Nomenclatura Científica!!!

A nomenclatura científica normalmente é considerada muito chata pelos estudantes de biologia. Para o público em geral pode parecer muito complicada e incompreensível. Mas o conhecimento das regras básicas da nomenclatura pode ser útil aos bonsaístas, principalmente para quem pretende ler e compreender a literatura internacional. Também é importante para quem tem por objetivo identificar plantas nativas para trabalhar como bonsai. Não é necessário decorar estas regras, apenas compreender seu significado e importância.

 As principais regras são as seguintes:

1) Desde o naturalista Lineu, a denominação científica das espécies é sempre binomial, ou seja, composta por dois nomes, sendo o primeiro o gênero e o segundo a espécie (Epíteto);

2) Embora as espécies de um gênero sejam parentes (evolutivamente) e às vezes parecidas, o primeiro nome não é da família. A família é uma categoria ainda maior, normalmente englobando vários gêneros;

3) Mesmo que uma espécie tenha dezenas de nomes populares, ela terá um único nome científico como identidade;

4) O nome da espécie será utilizado internacionalmente, independentemente da língua do texto que a cita;

5) Todos os nomes são em Latim ou latinizados (pois a língua morta não está sujeita a alterações de grafia) e por isso nenhum nome científico deve ser acentuado;

6) Deve-se escrever o nome científico com destaque, por isso normalmente se utiliza o tipo itálico (Ficus retusa);

7) Quando usado sozinho, o nome do gênero se refere a todas as espécies incluídas nele (escreve-se Acer para se referir a todas as espécies descritas para o gênero);

8) Para se referir a uma espécie em particular, o nome da espécie é sempre precedido do nome do gênero (Acer palmatum);

9) O nome do gênero deve ser escrito com letra maiúscula e o da espécie com letra minúscula, de maneira que seria igualmente incorreto escrever “acer palmatum” ou “Acer Palmatum”;

10) Quando já foi citado antes no mesmo trecho, o nome do gênero pode ser abreviado (A. palmatum), mas não omitido;

11) Uma espécie pode ter variedades ou subespécies (A. palmatum atropurpureum);

12) O nome da espécie não pode ser omitido nem deve ser abreviado (portanto, não seria correto escrever “A. p. atropurpureum”, nem muito menos “A. atropurpureum”);

13) Em algumas situações, quando o cientista não conseguiu, ainda, identificar a que espécie um determinado indivíduo pertence, ou quando não é de interesse que esta seja explicitada; ele utiliza, após o nome do Gênero, o termo sp., na Zoologia; ou spec., na Botânica. Tanto um como outro não devem ser colocados em itálico, ou mesmo sublinhados; e devem estar acompanhados de um ponto final: Hypsiboas sp. (perereca pertencente ao Gênero Hypsiboas); Hypsiboas goianus (perereca-de-pijama).;

14) Uma vez atribuído, um nome de espécie não pode ser retirado, permanecendo como sinônimo. Muitas vezes, depois de novos estudos fica demonstrado que uma determinada espécie pertence a outro gênero. Por exemplo, Eugenia suaveolens foi o nome atribuído ao Cambuim-de-raposa, mas depois foi verificado que esta espécie, por suas características, deveria ser transferida para o gênero Blepharocalix. Portanto, o nome correto passou a ser Blepharocalix suaveolens, mas o nome antigo (Eugenia suaveolens syn) continua como sinônimo;

15) A primeira atribuição de nome de um gênero ou espécie tem prioridade. Se por equívoco um novo nome foi atribuído, ao ser percebido o erro, o nome antigo terá preferência de utilização;

16) Como toda regra, a anterior também tem exceção. Por exemplo, a espécie Ehretia buxifolia é mais conhecida internacionalmente como Carmona microphyla, que é o nome preferido pelos bonsaístas. Embora cientificamente o nome correto seja o primeiro, o segundo foi consagrado pelo uso. Assim, os bonsaístas continuarão cultivando Carmona microphyla, mas se um botânico descobrisse uma nova espécie do gênero, seria obrigado a usar o nome Ehretia (se ele fosse brasileiro, poderia nomear a nova espécie como Ehretia brasucae, por exemplo);

17) Às vezes aparecem algumas letras entre os nomes: Ficus retusa var. microcarpa, Juniperus x media, Myrcia cf guianensis, etc. Também são símbolos utilizados internacionalmente, sendo “var” a abreviatura de “variedade”, o “x” indica que se trata de uma espécie híbrida de junípero, e o “cf” significa que o nome da espécie necessita ser confirmado.

18) Os nomes de família levam, em zoologia, a terminação idae (ide, com e aberto) e, em botânica, a terminação aceae (acee, com o segundo e aberto). Ex: o cão e o lobo são da família Canidae. o coqueiro e as palmeiras são da família Palmaceae.
Ex: Homo sapiens, Oryza sativa – arroz,  Phaseolus vulgaris – feijoeiro, Zea mays ou Zea mays (milho)

19) O epíteto específico pode se referir a uma característica própria daquele indivíduo, como a sua localização, organização corporal, dentre outros; ou mesmo uma homenagem a algum cientista, personagem, etc.;

20) Quando nomes de pessoas são latinizados, a terminação i  é acrescentada ao nome masculino e a terminação ae é acrescentada ao nome feminino.

21) Em textos acadêmicos e científicos, a primeira referência a um taxon, nomeadamente a uma espécie, é seguida da sobrenome do cientista que primeiro validamente o publicou (na zoologia) ou da sua abreviatura padrão(botânica e micologia). Se a espécie teve a sua posição taxonômica alterada por inclusão em gênero diferente do original, o sobrenome ou a abreviatura padrã o do autor original e a data de publicação original são fornecidos em parêntesisantes da indicação de quem publicou o novo nome. Por exemplo, Amaranthus retroflexus L. ou Passer domesticus (Linnaeus, 1758) – o último foi originalmente descrita como uma espécie do gênero Fringilla, daí o parêntesis. Quando usado em conjunção com o nome vernáculo da espécie, o nome científico normalmente aparece imediatamente a seguir no texto, incluído em parêntesis. Por exemplo, "A população do pardal doméstico(Passer  domesticus) está adecrescer  na Europa."